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domingo, 10 de outubro de 2010

Auto-explicativo.

   Ela o desfitou, e sem avaliar a situação, diria qualquer coisa, exceto a coisa que faria algum sentido pra ele. E não inocentemente, diz: Desculpa, fiz algo que lhe ofendeu de alguma maneira?
Aníbal, apressadamente, e já sem cabeça pra isso, retorna-lhe:
- Eu não direi outra vez. Escute, comente se quiser, mas esqueça em seguida - Ele respira vagarosamente - Conheci você em uma época em que não gostava mais de nada, nem me importava com nada, menos ainda comigo. Você me fez começar a gostar de mim mesmo, e eu passei a gostar de você, de verdade. Fiz uma coisa que jurei que nunca faria, e fiquei com você.
   Ele pensa melhor, sufoca-se dentro de si mesmo, mas solta o que lhe engasgava: "Eu gostei de você, e quando você dizia que gostava de mim, eu acreditava. Quando falava de dormir com você em seu futuro apartamento, que não deixaria-me morrer sozinho se fosse meu último dia de vida, e todas aquelas coisas... Eu acreditei, Connie."
(respira novamente) - Quando você terminou o que tínhamos, isso acabou comigo. Acabou. Virei um nada, tudo que você tinha falado se tornou poeira.
   Aníbal já começa a ficar furioso, não sabia-se se era com si mesmo, ou se era com ela. O que conta a lenda, está marcado em seu fraco coração, que gostaria de estar adormecido por anos, mas não, ela o tocou, assim descongelou-o e deixou apodrecer, como carne de um recém-nascido pardal que caiu do ninho.
- Lembra-se de ter dito que não queria namorar no momento? Um mês, dois meses depois...? Você estava namorando, com outra pessoa. Eu que era o problema. - Ele ri sarcasticamente, desponderando, zombando-se de si mesmo.
Ele prossegue: Você não me ofendeu. só destruiu meus sentimentos. Embora eu tente recuperá-los, e às vezes consiga por algumas horas/dias... Nunca mais vou ser aquele de antes.
   Sem piedade, e sem saber realmente o que havia acontecido, de natureza, ela o havia mudado. Não se sabe se pra pior, não se sabe se pra melhor. Pois afinal, seu coração já estaria arruinado, quer dia, quer meses, quer anos.
    E conclui:
- E, por deus, não peça desculpas.

Um momento para os dois.
Ou apenas para ele, já que pior poderia ficar, e ele deveria achar as palavras certas para atirá-las contra o peito daquele monstro, que mesmo vivo, não tinha coração, e nem nada relacionado. Aquele ser em que Aníbal se apaixonara só era mais um corpo fritando na terra, e ele, um corpo enterrado sem O Sagrado.
   Connie, no piloto automático:
- Não tenho o que dizer.
Um sopro do vento
(...)
Ele a relembra, com sua fúria majestuosa, sua satírica de alta leveza, que nem mesmo assim atingiria tal monstro, sinuosamente...
- "Comente se quiser". Auto-explicativo. Seria melhor se tivesse ficado com meu "boa noite, tenha uma boa vida", não acha? - Ele sorri friamente, ele quer matá-la.
   E friamente ela se vinga, com a sua máscara arrebatante e linda, que engana aos porcos e aos que tem religião.
- Ok, ignorância em pessoa. Sem mais, não vou entrar nessa. Fala o que quiser.
   Só faltou completar com: "Não estou nem aí pra você, achei que por um momento eu havia gostado de ti, mas foi tão rapidamente, assim como um vento passa pelo seu rosto!? Eu vi que você era o buraco. Pensei, eu não posso passar por isso, eu não pagarei vergonha por você e com você. Mandei-me, mesmo, enxergue-se. Você não é nada."
- Não sou uma pessoa. Só um emaranhado de idéias tristes. Basta me esquecer, Connie. Eu já sabia que você não teria absolutamente nada para dizer. Falei por falar. Mas eu sei. "Até nunca mais". Não precisa dizer.
   Dói em seu coração transperecer frieza, dizer isso a ela. No fim, ele sabia que ela não voltaria atrás em algum momento. Ele queria se livrar logo disso, mas seu coração gritava! "Não, Não! Eu quero ela, eu quero ficar com esse monstro! Eu a amo, somos iguais, eu te perdôo." Mas, não, ele não podia. Ela era mesmo o terror, e ele, a comédia de todos.
- Tenha uma boa vida moço, se é assim que você prefere.
   Não havia algo mais perfurador do que "moço"? O narrador já se enxeu disso, Connie.
- O que eu "prefiro" nunca me trouxe nada de bom. - Conclui ele.
- Você é quem sabe.
- Não sei... É apenas o que preciso fazer. Se eu gosto, se eu queria... Não importa. - O que Aníbal quis dizer, a partir do que ela disse, era "Não sei de nada, mesmo se eu soubesse eu havia gostado de você." Diferente de, mas uma opção: "Não sei de nada, mesmo se eu soubesse não havia gostado de você."
- Ok. Sua decisão será respeitada.
    Acabou pra ela, já há muito tempo. Ela levou o seu coração, e ele já fora de seu corpo não sobreviveu muito, ela deixou-o em qualquer canto, com o intuito de livrar-se. Ele, ali, sem como viver, ficou suspirando por ajuda. E alguém pode ajudar-nos no fim?
- Com facilidade.
   Ele achou seu coração apodrecido, e colocou-o no seu lugar, seu peito fraco, que agora estava mais fraco do que nunca. Ele nunca voltará ao normal. Nunca mesmo.
   Não era o que ele queria, afinal. E não será tão fácil, como ele disse. O que há é aparentar ser forte e implacável, rápido e irônico, para machucar e destruir o que vier, o que não é o caso, o que é a aparência.

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Alucinações