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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A minha escuridão animalesca, Perséfone

Um cigarro aceso na área escura, sem pistas, sem barulho, apenas um pequeno ruído de teclas de computador... Um aprecio, a escuridão... A fumaça. Lá estava ela, caçando se não me engano um pequeno grilo, ou apenas brincando com as folhas das plantas que se movimentavam com o vento. Eu disse "psi psi", ela não olhou. O cigarro acabou... e foi a última vez em que a vi alegre, e viva. Você era linda, negra como o céu, não tenho como descrever a sua cor maravilhosa. Mas você se foi, e agora é apenas alguns ossos debaixo da terra! Porque isso foi acontecer, nunca achei que aqueles gritos secantes de morte eram seus, eu nunca achei que você saíria pela noite, e nunca mais voltaria. Perséfone... eu te amo, querida! Não faça mais isso, volte aqui pro meu colo, arranhe meu pescoço mais uma vez, você sabe. Você sabe que sempre te salvei das mordidas da Crystal, eu sabia que aquilo te machucava, mas às vezes você gostava, não é mesmo? Ah, querida... Volte aqui pra mim, faça aquele mio dengoso, me peça sua ração predileta de cães. Que cães malditos aqueles, eles te emboscaram, eles são maus, eles vão morrer, mas eles não sabem o que fazem. Agora todos os animais choram, todos querem você, todos sentem sua falta. Você realmente é especial, você era a gatinha mais obediente. Você era a minha garotinha.
Eu ouvi seus gritos rápidos, que me corroeram de susto. Sinceramente, não achei que a dor seria a sua, não achei que era sua morte batendo nos meus ouvidos. Pensei que fosse algum gato assustado ou... Mas durante a noite pensei em Luto, você era o meu Luto, pensei o que eu iria fazer se você morresse. Pensei que ficaria triste por demais, pensei que todas as coisas que eu amo partem, todas as pessoas, animais, me deixam alguma hora, e no fim, eu sempre estarei sozinha! A uma pessoa, você conheceu, Perséfone... ele era maravilhoso, você não achava? Ele também a achava maravilhosa. Agora você, você parte, sem querer, sem eu deixar... Mas ele partiu porque quis, porque eu sou ridícula. Você não me achava ridícula, achava? Eu nunca irei descobrir, quem sabe você só gostava dos alimentos que eu te dava, não é. de qualquer forma, eu te adoro. E eu acordo, e por volta das 11 horas eu vou farejar você, eu não sabia o que eu estava fazendo, era algo maior que eu, não era eu quem me controlava. Eu havia perdido a noção de autocontrole, parecia que algo exterior estava me fazendo ir atrás de você, porque nem minha cabeça e nem meu coração acreditavam que você estava morta. Ou impressão minha? Porque eu estava pensando em você à todo momento, no fundo eu estava com medo de que tudo isso fosse verdade. E era, meu coração grita por isso, mas era verdade, é verdade. Você se foi, e se foi pra sempre, não é como ele, que eu posso ficar esperando ele me amar de novo, é você, agora, foi embora sem escolha, sem opinar, sem sentir. Eu te procurava, mas a cada minuto que passava te procurando eu achava que você só estava à passeio. Mas eu pensei "Eu preciso fazer isso por ela, eu preciso procurá-la"; algo me dizia isso. Eu dei mais alguns passos, pensei em não sujar o sapato, mas eu pensei "Eu preciso fazer isso por ela", e eu fiz, e lá eu virei, por trás da casa, não vi nada de relance. Eu ia voltar pelo mesmo caminho, mas decidi dar a volta, mesmo em ciclo. E vi, aquele corpo preto, esparramado pelo chão, duro, seco, triste, amarguroso. Era você, Perséfone. Eu não queria que fosse, queria que fosse qualquer gato preto no mundo, mas menos você, Querida! Logo encostei em você para saber se estava desmaiada... mas não, estava dura, dura feito pedra, morta para sempre. Que ódio, que tristeza... NÃO! Você foi boa demais pra nos deixar agora. Eu encontrei um papel de cimento por ali perto, e assim a enrolei, com todo carinho, minha linda, enquanto chorava lágrimas gritantes. À deixei no terreno ao lado e fui pegar algo para poder cavar o seu sarcófago, enquanto chorava. Peguei, encostei o portão, e lá fui eu novamente encontrá-la naquele estado deplorável... E comecei a cavar logo ali, nenhuma terra estava boa, tentei cavar dois buracos por ali, e nothing. Não queria te enterrar ali na verdade, porque ali seria construída a casa em que eu morarei com ele em alguns anos, ou qualquer outra casa, mas eu não queria que você ficasse enterrada debaixo do teto de pessoas que irão ser felizes por ali, elas pisarão em você. E também, o Puck estará ali, se ficasse você teria companhia. Nenhuma terra é boa pra você, o fundo da terra não é digno pra você. Eu disse "Nenhuma terra é boa, nenhuma terra te mereçe", e no fundo é verdade, era como se fosse concordasse ali mesmo, enquanto eu chorava... Enquanto passavam carros estranhos e olhavam aquela cena bizarra. Te deixei ali e fui do outro lado do terreno, cavei também dois buracos, e nenhum deles eram dignos pra você. Eu encontrei outro, que quem sabe um dia haverá piso por ali, e você ficará por baixo de novo... Então sem saída, mesmo. Mas encontrei uma terra "boa", não boa pra você, você sabe, só boa para cavar. Fui atrás de um balde de água, aliás, acho que eu fui quando fui pegar o negócio para cavar, ah, isso não importa mesmo (esse texto está começando a ficar frio, mas não é como eu me sinto). Eu joguei água no local escolhido, e não tinha nenhum "X" de tesouro lá, assim como tinha na testa dele. E eu ia cavando, e jogando água para amolecer o solo, e eu ia me lambusando, me sujando com a sua terra, que mesmo não sendo digna pra você, ela iria ser sua. E enquanto chorava, eu ia me sujando com terra, enquanto carros passavam e olhavam aquela cena bizarra. Eran lágrimas gritantes, ninguém quer fazer isso, enterrar um animal que ama por demais, como eu te amava. O buraco estava feito. Fuipegar seu corpo do outro lado do terreno... E quando estava em meus braços, escapou, e caiu, sem barulho, mas com toda a dor do mundo, isso doeu-me muito. Coloquei você naquele buraco horrível, onde você ficará... Toda vez que eu sair de casa ou ir na sacada chorarei por você e me lembrarei do seu rosto lindo. Você já estava lá, eu chorava lágrimas gritantes, eu disse que eu te amarei pra sempre, minha dócil Perséfone. Eu disse pra me perdoar por tudo, Eu disse pra voltar, se quisesse, se pudesse. Me perdoe, persé, eu te amo, eu poderia ter evitado tudo isso... E caíram minhas lágrimas sob o seu corpo negro, onde secarão junto com o seu corpo. Guarde-as como lembrança de meu amor. Começei a jogar terra ao lado antes de cobrir o seu corpo, me levantei, e com as mãos todas sujas empurrei com a pá a terra sobre você, enquanto chorava... Querida! Eu dizia pra voltar. E "Epilogue" agora para piorar o meu sofrimento. Uma mistura de amor por você com o amor por ele. Eu amassei a terra, você estava coberta. Eu desenhei um coração com meus dedos sujos, naquela sua terra, Perséfone! Te chamo como se eu precisasse de ajuda, porque agora preciso muito de você, meu bem. A Crystal chorava junto comigo, ela viu você, ela sente saudades demais, agora, você sabe que ela também te amava, não é? Tudo que ela fazia era pra brincar com você, até as coisas mais indecentes, ela não tinha culpa. Me fazia chorar ainda mais quando ela gritava por você, com todas as forças, e com toda a tristeza da "terra". Te amamos, muito, muito, nossa escuridão. Me perdoe se eu te amaldiçoei, porque eu acho que animais que ficam comigo terão um fim trágico, mas não era a minha intenção. Minha irmã vai chorar muito por você, ela também te adorava. O Juarez, que se encantou por você na primeira olhada. Até a minha mãe! Que sempre odiou gatos, ela te amava fervorosamente. Ela chegou em casa do trabalho, eu a abraçei chorando, ela disse "Por favor, não diga." Ela já sabia, entrou em casa e já viu o seu sarcófago. Ela disse pra nunca mais trazermos novos bichinhos, porque eles ficarão morrendo, fugindo, sofrendo. E disse que a Crystal vai ficar depressiva, sem você agora.

Uma lágrima no seu corpo.
Uma marca sua no meu coração pra sempre.

Um comentário:

  1. Me emocionei. Não quero nem imaginar o que sentirei caso meus bichinhos morram primeiro do que eu.
    Mas não foi culpa sua. As coisas simplesmente acontecem.

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